Crusoé da vida real: conheça o homem que viveu 4 anos em uma ilha deserta - Mega Curioso
Por um escritor misterioso
Descrição
História real ocorrida em ilha a 650 km do Chile pode ter sido a inspiração para a famosa obra do escritor Daniel Defoe.
No dia 1º de fevereiro de 1709, o marinheiro escocês Alexander Selkirk foi finalmente resgatado após passar quatro anos perdido na ilha Más a Tierra – a maior do arquipélago Juan Fernández, localizado a 650 km da costa do Chile. Selkirk era o navegador de um pequeno navio da época, o Cinque Ports, que atracou na ilha em outubro de 1704 após ter sido danificado em uma série de batalhas com os espanhóis. Além disso, o casco da embarcação estava infestado por cupins, que estavam destruindo a estrutura do navio. Durante a sua passagem pela ilha, a tripulação aproveitou para renovar as provisões de água e comida. No entanto, por conta do péssimo estado em que encontrava a embarcação, Selkirk recusou-se a subir a bordo novamente, ao mesmo tempo em que tentou, sem sucesso, convencer seus companheiros de viagem a compartilhar de sua decisão. Fonte da imagem: Reprodução/TodayIFoundOutApesar de parecer insana a princípio, a escolha de Selkirk provou-se a mais acertada, uma vez que o Cinque Ports naufragou pouco tempo depois na costa do Peru. Dos 41 membros remanescentes da tripulação (que, originalmente, contava com 90 pessoas), apenas oito sobreviveram, nadando até uma ilha próxima do local do naufrágio – onde seriam capturados pelos espanhóis. Posteriormente, apenas o capitão do Cinque Ports conseguiria escapar vivo e arranjar uma maneira de retornar ao Reino Unido. A vida na ilha Longe dos perigos de navegar em uma embarcação caindo aos pedaços, Alexander Selkirk permaneceu seguro em uma ilha abastecida com comida e água fresca. Além disso, ele também contava com um mosquete (espécie de rifle rústico da época), pólvora, uma faca, uma Bíblia, um colchonete, tabaco e algumas ferramentas – o suficiente para sobreviver algumas semanas na ilha até que algum navio passasse por perto com o qual ele poderia pegar carona. Infelizmente, como já sabemos, essas semanas mostraram-se muito mais do que alguns dias. Durante esse tempo, o marinheiro teve de aprender a se virar com o que tinha em mãos. Enquanto a ilha oferecia muitas provisões (como bodes, morsas, mariscos e repolho), a localidade também estava infestada de ratos. Mapa da ilha em que Selkirk viveu Fonte da imagem: Reprodução/WikipediaSe durante o dia os roedores não ofereciam problema, na hora de dormir eles infernizavam a vida de Selkirk roendo suas roupas, cobertas e mordendo seus pés. Por sorte, a própria solução também estava presente na ilha, na forma de uma grande população de gatos. Assim, Selkirk domesticou diversos felinos, oferecendo-lhes comida regularmente. Desse modo, os gatos passaram a viver próximos ao seu acampamento, afastando os ratos da região durante o seu sono. Durante o resto de sua estadia, o marinheiro conseguiu viver de maneira confortável, na medida do possível em sua situação. Em seus relatos, Selkirk acredita que matou cerca de 500 bodes durante a sua estadia na ilha, os quais eram uma de suas principais fontes de alimentação. Além disso, Selkirk aproveitou o conhecimento aprendido com o seu pai, um sapateiro, para trabalhar o couro dos animais e transformá-lo em novas roupas. De frente com o perigo Nos quatros anos que se passaram, o marinheiro correu risco de vida apenas duas vezes. Na primeira, ele se machucou bastante ao cair de um penhasco enquanto caçava um bode. Os seus ferimentos poderiam ter sido piores, provavelmente, se ele não tivesse caído em cima de outro bode, que acabou morrendo com o impacto. De acordo com o marinheiro, a queda o deixou inconsciente por um dia inteiro, além de tornar o seu corpo inteiro “dormente” por outros dois. Estátua de Alexander Selkirk em Lower Largo, na Escócia Fonte da imagem: Reprodução/WikipediaJá a segunda vez aconteceu quando navios finalmente chegaram à ilha. O problema, contudo, é que as embarcações eram espanholas. Selkirk teve de fugir assim que foi avistado pelos espanhóis, que começaram a atirar no náufrago. Na ocasião, os espanhóis o procuraram pela ilha, mas acabaram desistindo. Para escapar do perigo, o marinheiro permaneceu sobre uma árvore cheia de folhas durante dois dias. De acordo com os seus relatos, alguns espanhóis chegaram até a “tirar a água do joelho” na árvore enquanto ele estava por ali. O resgate Finalmente, no dia 1º de fevereiro de 1709, dois navios ingleses, nos quais estavam o explorador William Dampier e o capitão Woodes Rogers, ancoraram próximos à ilha de Selkirk, que chamou a sua atenção via sinais de fumaça. Vários membros da tripulação dos navios estavam sofrendo de escorbuto e Selkirk os auxiliou a encontrar toda a comida necessária para resolver o problema. O capitão Rogers gostou tanto da ajuda do marinheiro que, além de resgatá-lo, fez dele o seu braço direito antes mesmo de zarparem. Posteriormente, o capitão Rogers escreveu um livro contando detalhadamente as suas viagens, incluindo o conto de Selkirk. A história, inclusive, acabou servindo de inspiração para o escritor Daniel Defoe criar a sua famosa obra, “Robinson Crusoé”, publicada originalmente em 1719 no Reino Unido. Primeira página da primeira edição de Robinson Crusoé Fonte da imagem: Reprodução/WikipediaA ilha em que Selkirk viveu durante quatro anos foi rebatizada pelo governo chileno com o nome do personagem criado por Defoe em 1966. Na mesma ocasião, outra ilha menor do arquipélago ganhou o nome do marinheiro escocês, concluindo um caso em que a ficção acabou tornando-se mais conhecida que a própria realidade.
No dia 1º de fevereiro de 1709, o marinheiro escocês Alexander Selkirk foi finalmente resgatado após passar quatro anos perdido na ilha Más a Tierra – a maior do arquipélago Juan Fernández, localizado a 650 km da costa do Chile. Selkirk era o navegador de um pequeno navio da época, o Cinque Ports, que atracou na ilha em outubro de 1704 após ter sido danificado em uma série de batalhas com os espanhóis. Além disso, o casco da embarcação estava infestado por cupins, que estavam destruindo a estrutura do navio. Durante a sua passagem pela ilha, a tripulação aproveitou para renovar as provisões de água e comida. No entanto, por conta do péssimo estado em que encontrava a embarcação, Selkirk recusou-se a subir a bordo novamente, ao mesmo tempo em que tentou, sem sucesso, convencer seus companheiros de viagem a compartilhar de sua decisão. Fonte da imagem: Reprodução/TodayIFoundOutApesar de parecer insana a princípio, a escolha de Selkirk provou-se a mais acertada, uma vez que o Cinque Ports naufragou pouco tempo depois na costa do Peru. Dos 41 membros remanescentes da tripulação (que, originalmente, contava com 90 pessoas), apenas oito sobreviveram, nadando até uma ilha próxima do local do naufrágio – onde seriam capturados pelos espanhóis. Posteriormente, apenas o capitão do Cinque Ports conseguiria escapar vivo e arranjar uma maneira de retornar ao Reino Unido. A vida na ilha Longe dos perigos de navegar em uma embarcação caindo aos pedaços, Alexander Selkirk permaneceu seguro em uma ilha abastecida com comida e água fresca. Além disso, ele também contava com um mosquete (espécie de rifle rústico da época), pólvora, uma faca, uma Bíblia, um colchonete, tabaco e algumas ferramentas – o suficiente para sobreviver algumas semanas na ilha até que algum navio passasse por perto com o qual ele poderia pegar carona. Infelizmente, como já sabemos, essas semanas mostraram-se muito mais do que alguns dias. Durante esse tempo, o marinheiro teve de aprender a se virar com o que tinha em mãos. Enquanto a ilha oferecia muitas provisões (como bodes, morsas, mariscos e repolho), a localidade também estava infestada de ratos. Mapa da ilha em que Selkirk viveu Fonte da imagem: Reprodução/WikipediaSe durante o dia os roedores não ofereciam problema, na hora de dormir eles infernizavam a vida de Selkirk roendo suas roupas, cobertas e mordendo seus pés. Por sorte, a própria solução também estava presente na ilha, na forma de uma grande população de gatos. Assim, Selkirk domesticou diversos felinos, oferecendo-lhes comida regularmente. Desse modo, os gatos passaram a viver próximos ao seu acampamento, afastando os ratos da região durante o seu sono. Durante o resto de sua estadia, o marinheiro conseguiu viver de maneira confortável, na medida do possível em sua situação. Em seus relatos, Selkirk acredita que matou cerca de 500 bodes durante a sua estadia na ilha, os quais eram uma de suas principais fontes de alimentação. Além disso, Selkirk aproveitou o conhecimento aprendido com o seu pai, um sapateiro, para trabalhar o couro dos animais e transformá-lo em novas roupas. De frente com o perigo Nos quatros anos que se passaram, o marinheiro correu risco de vida apenas duas vezes. Na primeira, ele se machucou bastante ao cair de um penhasco enquanto caçava um bode. Os seus ferimentos poderiam ter sido piores, provavelmente, se ele não tivesse caído em cima de outro bode, que acabou morrendo com o impacto. De acordo com o marinheiro, a queda o deixou inconsciente por um dia inteiro, além de tornar o seu corpo inteiro “dormente” por outros dois. Estátua de Alexander Selkirk em Lower Largo, na Escócia Fonte da imagem: Reprodução/WikipediaJá a segunda vez aconteceu quando navios finalmente chegaram à ilha. O problema, contudo, é que as embarcações eram espanholas. Selkirk teve de fugir assim que foi avistado pelos espanhóis, que começaram a atirar no náufrago. Na ocasião, os espanhóis o procuraram pela ilha, mas acabaram desistindo. Para escapar do perigo, o marinheiro permaneceu sobre uma árvore cheia de folhas durante dois dias. De acordo com os seus relatos, alguns espanhóis chegaram até a “tirar a água do joelho” na árvore enquanto ele estava por ali. O resgate Finalmente, no dia 1º de fevereiro de 1709, dois navios ingleses, nos quais estavam o explorador William Dampier e o capitão Woodes Rogers, ancoraram próximos à ilha de Selkirk, que chamou a sua atenção via sinais de fumaça. Vários membros da tripulação dos navios estavam sofrendo de escorbuto e Selkirk os auxiliou a encontrar toda a comida necessária para resolver o problema. O capitão Rogers gostou tanto da ajuda do marinheiro que, além de resgatá-lo, fez dele o seu braço direito antes mesmo de zarparem. Posteriormente, o capitão Rogers escreveu um livro contando detalhadamente as suas viagens, incluindo o conto de Selkirk. A história, inclusive, acabou servindo de inspiração para o escritor Daniel Defoe criar a sua famosa obra, “Robinson Crusoé”, publicada originalmente em 1719 no Reino Unido. Primeira página da primeira edição de Robinson Crusoé Fonte da imagem: Reprodução/WikipediaA ilha em que Selkirk viveu durante quatro anos foi rebatizada pelo governo chileno com o nome do personagem criado por Defoe em 1966. Na mesma ocasião, outra ilha menor do arquipélago ganhou o nome do marinheiro escocês, concluindo um caso em que a ficção acabou tornando-se mais conhecida que a própria realidade.
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